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Quando os gênios falham!

30 de setembro de 2021

Quando os gênios falham!

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Nosso newsletter de hoje será sobre a ascensão e a queda do Long-Term Capital Management (LTCM), o fundo de hedge americano que quase fez a economia global colapsar.

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“A questão... é se o desastre da LTCM foi meramente um evento único e isolado, uma infeliz escolha tirada da urna da natureza; ou se tais desastres são a consequência da própria fórmula Black-Scholes em si mesma e a ilusão que ela possa dar de que todos os participantes do mercado podem se proteger de todos os seus riscos ao mesmo tempo."
Merton H. Miller

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John Meriwether, após ser demitido do banco de investimentos Solomon Brothers, por participar de um escândalo envolvendo bilhões de dólares, resolveu seguir sozinho e abrir o seu próprio fundo, o LTCM.

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Para conseguir os melhores resultados nesse contexto, John, foi em busca das pessoas mais bem preparadas naquele tempo para formar a sua equipe. Como exemplo disso, recrutou dois ganhadores do Prêmio Nobel de Economia.

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Todo o seu esforço foi recompensado nos primeiros anos da operação, refletindo em resultados que, por muitas vezes, foram superiores aos do mercado, conseguindo captar mais de US$ 1 bilhão

A estratégia do fundo era vista como de “baixo risco”, uma vez que eles atuavam, majoritariamente, realizando operações de arbitragem (comprar o ativo A em um mercado e vender o mesmo ativo em outro).

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Você pode estar se perguntando “como uma estratégia de baixo risco conseguiu entregar altos retornos?” é simples! O fundo atuava com um alto nível de alavancagem, ou seja, operava com capital de terceiros.

Em 1998, no auge do fundo, mesmo com “apenas” US$ 5 bilhões em ativos, eles controlavam mais de US$ 100 bilhões, com posições que podiam chegar a ultrapassar US$ 1 trilhão!

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**Pausa** ao pensarmos em um número tão grande como esse, nossos cérebros podem apresentar uma certa dificuldade de interpretação, mas, para que possamos compreender isso de forma mais concreta e palpável, ainda que não vejamos fisicamente essa quantia, o valor que o LTCM possuía em mãos superaria a atual dívida do Brasil.

Retornando ao Long-Term Capital Management, se uma posição de arbitragem é caracterizada por possuir um baixo risco, esse nível de capital emprestado trazia uma ameaça inimaginável para os investidores e credores do fundo.

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Em 1998, 5 anos após a formação do fundo, os traders e PHDs do Hedge Fund estavam vislumbrando uma “ótima” oportunidade em investir nos títulos de dívida da Rússia, que no momento, estavam sendo negociados com descontos inexplicáveis.

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Porém, como não existe almoço grátis no mercado, os deságios dos títulos eram reflexos da alta possibilidade de calote por parte do governo russo, fato esse que se concretizou em agosto de 98.

Com isso, o fundo começou a perder centenas de milhões de dólares por dia. Ao olharmos para essa desventura, podemos imaginar que o passo mais preciso a ser tomado pelos atores principais dessa história seria a retirada da sua posição, porém, essa não foi a atitude tomada por John e seus companheiros. Cegos com as informações obtidas pelos seus modelos matemáticos, o fundo continuou mantendo suas posições e até mesmo aumentando-as para fazer “preço médio”.

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Mas, infelizmente, os mercados continuaram batendo nos títulos, fazendo com que os prejuízos se elevassem cada vez mais. Após ficarem com quase US$ 4 bilhões no vermelho, e com o aumento do medo da possível recessão, decorrente do não pagamento aos credores do fundo, o governo americano, junto com outros investidores, orquestraram o resgate do Long Term Capital.

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"Os mercados podem permanecer irracionais por mais tempo do que você pode permanecer solvente."
John Maynard Keynes

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O que aprendemos com o fracasso do LTCM?

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1. Risco de estratégia: Até o que é considerado de baixo risco, pode causar perdas se feito da maneira errada.

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2. Erros de modelo: Modelos são simplificações da realidade. A vida é muito mais complexa do que parece.

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3. Importância da gestão de risco: Comprar o que caiu para fazer preço médio só é bom se o ativo se recuperar.

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4. Perigos de muita alavancagem: Lembre-se: sem alavancagem, a sua perda máxima é de 100%, ou seja, o que você investiu naquele ativo. Mas, caso você esteja alavancado, além da perda financeira com o investimento, você precisará arcar com os passivos provenientes da dívida, que podem ser fatais.

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Nós, da Condor, gostamos de estudar e aprender com esses casos que acabaram dando errado no passado, para que assim, poupemos nossos assinantes desses riscos.

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Como fazemos isso?

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1 Risco de estratégia: além de utilizarmos uma estratégia com anos de histórico, todas as nossas carteiras possuem riscos e fatores diferentes entre os ativos recomendados.

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2 Erros de modelo: como não conseguimos reduzir 100% essa questão, fazemos recomendações somente de ativos que possuam uma alta margem de segurança. Além disso, optamos por testar diversos cenários de estresse, ponderando os riscos possíveis e os remotos.

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3 Importância da gestão de risco: não temos problema em admitir que nossa visão para o determinado ativo mudou e realizar o prejuízo, caso seja necessário. Acreditamos que é melhor realizar uma perda, caso os fundamentos mudem, do que depender da sorte para sair de uma posição no 0x0. Como exemplo, podemos usar o caso da OIBR3 (-25%) e na SHOW3 (-27%), que foram posições que andaram em um caminho diferente do que imaginávamos para empresa.

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4 Perigos de muita alavancagem: não recomendamos que os nossos assinantes utilizem alavancagem.

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Disclaimer: essa seleção de notícias tem fins informativos e educacionais. Portanto, nenhuma parte dela deve ser interpretada como recomendação de investimento em determinados ativos. Tais recomendações são disponibilizadas exclusivamente aos assinantes condorinsider.com, conforme a normativa ICVM 598, por parte do analista Carlos Herrera, de maneira autônoma e independente.

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